A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) havia
informado, por meio de seu presidente Milton Zuanazzi, que a crise aérea havia
sido superada para o usuário. Parte da mídia contestou as informações apontando
um ou outro atraso de vôo. Na realidade tomando como base 29 de setembro de
2006, data do fatídico acidente entre o jatinho Legacy e o Boeing da Gol que
vitimou 154 pessoas, havia uma média histórica de atrasos de vôos com mais de
uma hora, da ordem de 15% e 12% de cancelamentos e esses dados foram entregues
às CPIs da Câmara e do Senado pelo presidente Milton Zuanazzi. Tais números,
por si só, demonstram que havia uma falta de investimentos em infra-estrutura
aeronáutica e aeroportuária acumulada há muitos anos.
A partir do acidente, com uma malha totalmente interligada,
os controladores iniciaram um movimento reivindicatório provocando atrasos em
grande parte dos vôos. As operações eram feitas uma ou duas vezes por semana e
a cada movimento desses desencadeava atrasos por vários dias. Outros fatores
como os problemas da TAM na época do Natal de 2006 quando retirou para
manutenção seis aeronaves, contribuíram pontualmente para agravar a situação. Também
deve ser levada em conta a crise da Varig que tinha aproximadamente 70
aeronaves e praticamente deixou de operar.
Com a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
de determinar ao Comandante da Aeronáutica Juniti Saito, no dia 22 de junho
deste ano, uma solução definitiva para o setor e com a ação imediata do
brigadeiro de transferir controladores de vôo da Defesa Aérea Nacional para a
Aviação Civil, a situação não só se resolveu como também os números demonstram
que houve uma redução dos atrasos de vôos. Excetuando as duas semanas subseqüentes
ao trágico acidente com o Airbus da TAM, quando os índices aumentaram e o
Aeroporto de Congonhas foi fechado, houve uma redução significativa nos atrasos
dos vôos.
Nos cancelamentos, os números são melhores e ainda
não são ideais porque muitos HOTRANs (Horário de Transporte) do Aeroporto de
Congonhas continuam existindo embora não utilizados. Isso porque muitos vôos
foram transferidos para Guarulhos e o Aeroporto de Congonhas reduziu os
movimentos/hora de 44 para 33. Somente com a nova malha, a partir de 20 de
setembro, é que os números relativos aos cancelamentos refletirão de forma
inequívoca a realidade.
Com a queda dos atrasos fica evidente que a entrada
de novos controladores supre, em parte, a falta de investimentos em
infra-estrutura aeronáutica. É preciso mais investimentos tanto na
infra-estrutura aeronáutica quanto na aeroportuária. Mas pode-se dizer que a
partir daquela ação objetiva a situação não apenas voltou à normalidade como
melhorou, e muito, se comparada ao período anterior a setembro de 2006.
Os dados sobre número de vôos, atrasos e
cancelamentos, semana a semana, podem ser observados no quadro abaixo que abrange uma média nacional
que engloba todos os aeroportos da Rede Infraero.
Período |
Nº Vôos/ Dia |
Atrasos + 1h |
% |
Cancelamentos |
% |
Antes 29/09/06* |
|
|
15 |
|
12 |
22/06 a 01/07/07** |
14.248 |
3.349 |
24 |
1.123 |
8 |
02/07 a 08/07 |
10.311 |
1.746 |
17 |
763 |
7 |
09/07 a 15/07 |
10.299 |
1.468 |
14 |
639 |
6 |
16/07 a 22/07*** |
10.548 |
3.751 |
36 |
1.403 |
13 |
23/07 a 29/07*** |
10.522 |
2.888 |
27 |
1.845 |
18 |
30/07 a 05/08 |
10.691 |
1.304 |
12 |
1.127 |
11 |
06/08 a 12/08 |
9.581 |
718 |
7 |
1.030 |
11 |
13/08 a 19/08 |
10.320 |
505 |
5 |
1.066 |
10 |
20/08 a 26/08 |
10.266 |
880 |
9 |
1.044 |
10 |
27/08 a 02/09 |
10.217 |
900 |
9 |
987 |
10 |
*
Data do acidente entre o Legacy e o Boeing da Gol e início da operação
reivindicatória dos controladores de vôo.
**
Foi em 22/06/07 que o Comandante da Aeronáutica retirou 150 controladores de
vôo da Defesa Aérea Nacional e os realocou para atuarem como controladores da
Aviação Civil
***
Período de reflexo do acidente do o Airbus da TAM que provocou o fechamento do
Aeroporto de Congonhas.
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Publicado em 07/09/07, às 11h 50 |